Levantamos cedo e logo Haymitch aparece para nos ajudar com o
livro, ele parece estar mais sóbrio desta vez, tomamos café da manhã e nos
dirigimos para o escritório, um lugar que não gosto muito de freqüentar pois me
lembra quando Snow veio me ameaçar.
Começamos a escrever o livro. Haymitch falava dos primeiros
jogos, da sua experiência na arena, falava dos outros tributos ao qual ele foi
mentor, eram coisas realmente tristes de se escrever não só por tudo que
passamos, mas porque também somos os únicos “vencedores” sobreviventes de nosso
distrito. Não escrevemos somente sobre os “vencedores” do nosso distrito, mas
também aqueles que foram importantes para revolução, como Finnick , Johanna,
Beetee.
Finnick... como sinto falta dele, ele era realmente um grande
homem, me arrependo de ter desconfiado dele no Massacre Quaternário. Passamos
dias escrevendo sobre eles e Peeta desenhava os que não tínhamos fotos e tudo o
que ele se lembrava, como sempre, ele era perfeito em seus desenhos, observá-lo
pintando era algo mágico, sua concentração era única. À noite dormíamos juntos e defendíamos um ao
outro dos pesadelos, estávamos nos aproximando cada vez mais.
Quando chegou o dia de escrever sobre Prim, foi realmente
desgastante, mas não poderia deixar de fazê-lo, minha querida patinha, merecia
as mais belas palavras que eu pudesse escrever ao seu respeito, sua pureza, sua
inteligência, sua calma, ela seria uma grande médica. Escrevi em lágrimas, mas
Peeta e Haymitch estavam lá para tentar me consolar. Em suas páginas colocamos
uma Prímula, o seu cheiro fazia lembrar-me dela.
Escrever sobre nós mesmos foi ao mesmo tempo o mais fácil e o
mais complicado, fácil porque quem melhor que nós para descrever o que passamos
e como nos sentimos, mas também constrangedor, colocar em um papel tudo que nós
sentíamos, escrever tudo que aconteceu nos jogos, trazia todo o tipo de dor e
sentimentos. Escrever como foi difícil para Haymitch perder uma amiga nos jogos
em que foi vencedor, como eu e Peeta protegemos um ao outro nas arenas, eu
queria omitir dados românticos, mas Haymitch me convenceu que não faria
sentido, pois alguém sempre iria lembrar dos amantes desafortunados do Distrito
12, então eu comecei a descrever tudo e me sentia com as bochechas queimando
quando escrevi sobre a caverna, sobre a praia quando Peeta me deu o medalhão,
ele me olhava com um olhar tão puro, parecia se sentir melhor com cada palavra
que eu escrevia sobre nós dois, relembrando tudo que aconteceu, de certa forma
eu também me sentia melhor, eu nunca consegui dizer o que sentia e pude
escrever tudo que pensava sobre Peeta, ele nunca escondeu que me amava. Escrevi
o quanto foi importante que ele confiasse em mim, como ele era diferente de
mim, como ele tinha um coração puro, em nenhum momento pensando em me
abandonar, tentando se sacrificar por mim, eu também tentei isso por ele, mas
antes também tinha pensando em matá-lo, escrevi sobre sua generosidade, sobre
seu jeito carinhoso que me livrava dos meus pesadelos noturnos, sua bondade. O
olhar de Peeta às vezes parecia incrédulo quando lia o que eu escrevia ao seu
respeito, escrevi que sem ele não teria seguido em frente, sem suas palavras
não teríamos conseguido, em como seu amor incondicional me ajudou. Haymitch
também parecia não acreditar que eu estava me abrindo daquela forma, e eu
conseguia ver uma certa felicidade em seu olhar com aquilo.
Escrevi também sobre Haymitch, como quando achei que ele
fosse um traidor, como me decepcionei, mas também como ele nunca me abandonou e
que do seu jeito torto sempre estava tentando cuidar de mim.
Na noite deste dia, antes de dormimos Peeta se senta na cama
ao meu lado e me questiona sobre o que escrevi a respeito dele, se eu realmente
pensava tantas coisas boas a respeito dele, mesmo depois de ele ter tentado me
matar.
- Peeta você é tão melhor que eu, você nunca tentou me
machucar porque realmente quis, apesar de ter sofrido quando tentou me matar,
agora eu entendo tudo. Não vou cansar de repetir isso. Você é a pessoa mais
incrível que eu já pude conhecer. Obrigado por existir. Eu não mereço você.
Lágrimas caem dos olhos de Peeta. – Katniss você é a pessoa
mais incrível que existe, nunca mais repita que não te mereço, eu fiz coisas
terríveis também, mas só de te olhar me dava força para seguir em frente, e
tentar voltar a ser bom para você. Você é uma guerreira e merece conseguir
seguir em frente com tudo de melhor em uma nova vida.
- Não estou seguindo em frente sozinha Peeta, só abri os
olhos por sua causa, só acreditei que ainda existia alguma vida para mim,
depois que você voltou. Sem você eu definharia até a morte, você é a razão de
eu estar viva. Você me salvou mais uma vez. – Eu também começo a chorar.
- Katniss eu jamais viveria sem você, eu te amo
infinitamente, é um amor que cresce a cada dia, e quero que sua nova vida nova
seja ao meu lado.
Não me contenho e começo a beijar Peeta, um beijo que começa
calma e terno, mais que vai me aquecendo aos poucos, estou sentindo uma vontade
de cada vez mais de beijá-lo, seguro o seu rosto com uma mão e com a outra
passeio pelo seus cabelos, Peeta me segura pela cintura, começa a deslizar as
mãos pelas minhas costas, estou me sentindo cada vez mais quente. Ele para de
me beijar e me encara com aquele lindo mar azul, ficamos assim olhando um ao
outro por um bom tempo. Percebi em seu olhar que ele com certeza estava
esperando uma resposta, como eu já havia pensando antes, voltei a pensar que
Peeta com certeza quer algo mais sério entre nós, mas agora não estou com
dúvidas, é isso que também eu quero, Peeta é a pessoa mais maravilhosa do mundo
e me ama, eu quero sim uma vida nova com ele. Então eu digo:
- Peeta, fica comigo? Fica comigo para sempre?
- Sempre. – Ele me responde com um largo sorriso e volta a me
beijar fervorosamente.
Eu não quero parar, nunca senti sensações tão boas antes, ele
me aproxima cada vez mais do seu corpo, eu sinto como se agora eu fosse
realmente a garota em chamas, mas esse calor é o melhor que existe. Ele para de
me beijar e me pergunta:
- Katniss, quer casar comigo?
Não há câmeras, não há mais revoltas, não é um pedido para
acalmar pessoas ou para mostrar para alguém, é tudo real. Então respondo: -
Sim, eu quero.
Peeta me abraça e assim adormecemos.
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