terça-feira, 24 de junho de 2014

Capítulo 7 - Livro



Ele está com o tridente na mão se preparando para me atacar, olho em volta e não há para onde correr, está tudo queimando, seus olhos estão escuros como os de uma besta, não bonitos como foram um dia, ele se aproxima cada vez mais, ele vai me atingir...
- Finnick nãoooooooooooooo! – Começo a gritar.
- Katniss, Katniss acorde!Está tudo bem! Foi só um pesadelo! Não é real.
Sinto um abraço me envolvendo, abro os olhos e vejo um mar azul olhando para mim, como é bom sentir o seu calor, seu abraço que traz estabilidade para tudo.
- Peeta! – Falo confusa, tinha esquecido que ele estava aqui.
- Katniss, você está bem? – Ele me pergunta com um olhar preocupado.
- Estou, desculpe te acordar.
- Não me peça desculpas, quer falar sobre o pesadelo?
Apenas faço sinal com a cabeça que não, e volto a me encostar-me em seu peito, que bom que ele está aqui comigo, como eu sentia falta disso, ele me faz sentir tão protegida. Ainda é de madrugada, então Peeta pede que eu tente voltar a dormir. Não preciso fazer muito esforço meus olhos já estão pesando novamente.
Acordo com a claridade batendo em meu rosto, já é de manhã, olho para os lados procurando Peeta, mas ele não está mais no quarto.
Desço a escadas e vejo que ele está preparando o café. Tento não fazer barulho, mas ele acaba me notando.
- Bom dia Katniss!
- Bom dia!
- Quer tomar café? – ele me pergunta com um pequeno sorriso.
- Sim. - eu respondo.
- Está melhor depois do pesadelo?
- Sim, continuo os tendo todas as noites, mas esta noite tive apenas aquele e não me atormentou por tanto tempo como os outros, mesmo sendo tão horrível como sempre. Acho que você afasta os meus pesadelos. – Digo meio tímida.
- Pelo menos sirvo para alguma coisa, mas seria bom se você conversasse sobre eles também, talvez te alivie um pouco, eu acho que fico melhor quando pinto meus pesadelos. – ele me diz com um sorriso torto e também tímido.
- Não é só pra isso que você serve Peeta. – Digo, mas procuro não render este assunto. E pergunto se ele dormiu bem.
- Sim, há muito tempo não dormia tão bem Katniss. Apesar de ter sentindo um medo muito grande de te fazer algum mal.
- Mas você viu que não fez nenhum mal, pelo contrário, me ajudou a ficar melhor depois do pesadelo. Obrigado por ter ficado.
- De nada. – ele sorri e eu retribuo.
Após comermos Peeta lava as louças. O telefone toca, desta vez resolvo atender.
- Alô.
- Srta. Everdeen. Aqui é o Dr. Aurelius, bom dia.
- Oi, Dr. Aurelius.
- Há muito tempo você não atende meus telefonemas, como a Srta. está?
- Desculpe Dr. Estou bem melhor, tenho saído para caçar.
- Isso é muito bom. Voltar a fazer coisas que antes eram de seu agrado, com certeza ajuda em sua recuperação. Tem tomado os remédios?
- Sim Dr. – Respondo apesar de não ser totalmente verdade.
- O que mais tem feito para se distrair Senhorita Everdeen?
- Na verdade não muita coisa Dr., mas eu estava pensando em...  talvez ... escrever um livro! O que o Senhor acha?
- Acho ótimo, escrever ajuda a expressar melhor os sentimentos e aliviar dores da alma. E seria sobre o quê?
- Sobre a minha vida e aqueles que fizeram e fazem parte dela.
- A senhorita com certeza tem muitas histórias a contar, e não se esqueça que a sua história é de superação. A senhorita está viva apesar de tudo que aconteceu.
- Não sei se viva é exatamente a palavra certa, estou sobrevivendo, mas acho que então essa será minha nova distração então Dr.  – Digo ao Dr. Aurelius.
- Vou mandar pergaminhos para a Senhorita. Ok?
- Ok!
- Até a próxima Senhorita Everdeen e se cuide.
- Tchau Dr. Aurelius. – Ainda não quis contá-lo que voltei a falar com Peeta, de certa forma isto me constrange. Não sei exatamente porque.
Um livro é isso que vou fazer! Não seria exatamente para meu bem, mas queria ter uma memória daqueles que se foram por minha causa. Percebo que Peeta está me olhando seriamente.
- Era Dr. Aurelius com suas habituais perguntas. – Digo a ele.
- Ele também sempre me liga, é importante conversarmos com alguém que entenda nossos problemas Katniss.
Essa frase de Peeta me faz refletir como eu nunca quero conversar sobre meus problemas, como não quis falar dos pesadelos ontem à noite. Decido então contar a Peeta sobre o livro. Eu queria que ele participasse comigo da criação de qualquer forma, afinal ninguém melhor do que Peeta para fazer os desenhos e ele sabe tão bem quanto eu sobre os Jogos e a Revolução.
- Um livro Katniss, acho uma ótima idéia. Haymitch também pode nos ajudar, ele esteve muito mais tempo nessa história do que nós.
Assinto com a cabeça e falo que depois procuraremos Haymitch para falar com ele sobre o livro. Ele ainda não deve estar acordado penso. Na verdade ele nunca está realmente acordado pelo que sei.
- O que gostaria de fazer então, enquanto não começamos o livro? – Peeta me pergunta.
- Você gostaria de nadar? – É primavera a água não deve estar tão fria, penso.
- Você deve se lembrar que não sou um bom nadador. – Peeta diz meio sem graça.
- Tem que praticar como a caça. – Digo.
- Ok, vamos então, mas tenho que passar em casa para pegar umas roupas.
- Tudo bem, vou pegar umas também e te encontro lá fora.

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