terça-feira, 24 de junho de 2014

Capítulo 12 - Culpa



Depois da conversa que tive com Gale ontem fui dormir um pouco mais aliviada, parecia que tinha tirado um pouco de angústia do meu coração, me sinto mais leve. Ter sido sincera com Gale foi muito importante não só pra mim, mas com certeza para Peeta também, ele precisava de uma confirmação da minha parte, mesmo eu tendo aceitado me casar com ele Gale acabaria sendo sempre uma dúvida para ele por minha culpa.

O olhar de Peeta estava mais radiante depois de eu ter dito que o amava, fico ainda mais feliz por vê-lo feliz, mas um pouco triste por Gale também, quero que ele seja feliz, penso que ainda não escrevi sobre Gale no livro não queria lembrar de algumas coisas e seria constrangedor com Peeta ao meu lado, mas ela faz parte da história da Revolução e também da história da minha vida, então anoto mentalmente para ter coragem de fazer isso.

Já é de manhã, ainda não me levantei, estou apreciando Peeta do meu lado, ele ainda está dormindo serenamente. Nunca vou cansar de observá-lo e de admirar a sua beleza, não entendo como ele pode me amar tanto, qualquer garota desejaria estar ao seu lado. Lembro-me que hoje Gale voltará para se despedir, então decido me levantar para me arrumar. Peeta abre os olhos.

- Bom dia meu amor. – Peeta diz com uma voz dengosa.

- Bom dia. – Não resisto e deposito um beijo em seus lábios. Ele abre um largo sorriso e diz:

- Às vezes acho que estou sonhando.

- Não está. – Digo retribuindo o sorriso. – Vou tomar um banho.

- Enquanto você toma banho vou preparar o café. – Ele fala.

Escolho minhas roupas e vou para banheiro. Tomo um banho não muito demorado e desço. Peeta está terminando de preparar o café. Alguém bate na porta e vou atender.

- Bom dia Catnip. Eu só vim me despedir. – Ele diz meio cabisbaixo.

- Bom dia Gale. Entre.

- Não quero incomodar e tenho que ir pra estação.

- Acredito que você tem algum tempo ainda, não? Tome café com a gente?

- Tudo bem, mas não posso demorar muito.

Ele entra e cumprimenta Peeta.

- Peeta.

- Bom dia Gale, sente-se eu vou servir o café.

Peeta nos serve e enquanto comemos, ficamos a maioria do tempo calados. Quando terminamos de comer Peeta disse que iria ver algumas coisas na casa dele e depois voltava. Imagino que ele queria me dar um tempo com Gale novamente para nos despedirmos.

- Gale tenha uma boa viagem e volte para nos visitar novamente. – Peeta diz estendendo a mão para Gale.

- Obrigado, talvez um dia eu volte. Cuide bem da Katniss. – Ele aperta a mão de Peeta, que acena positivamente com a cabeça e sai.

Então Gale e eu ficamos sozinhos, ele se aproxima de mim e me abraça. Eu retribuo o abraço.

- Gale desculpe por tudo, espero que você seja feliz.- Digo com lágrimas nos olhos, estou prestes a perder meu amigo novamente, mas não há nada que eu possa fazer no momento, não posso correr o risco de dar outro tipo de esperanças à ele.

- Eu que peço desculpas novamente Katniss, talvez um dia possamos voltar a realmente ser amigos. – Ele deposita um beijo em minha testa, e seu olhar triste se cruza com os meus.

- Eu também espero. Digo e dou um beijo em seu rosto.

- Tem certeza que não quer que eu vá à estação com você? – Pergunto.

- Tenho sim, é melhor assim. Tchau Katniss.

- Tchau Gale, damos um ultimo abraço e ele se vai.

Sento no sofá e fico pensando em tudo que aconteceu e está acontecendo comigo, sou uma sobrevivente dos Jogos Vorazes, o símbolo da Revolução, que praticamente perdeu todos que amava por sua culpa e que agora iria se casar com uma pessoa que também sofreu muito por sua culpa e que talvez tenha perdido para sempre seu melhor amigo, que acabou de ir embora magoado. Começo a chorar compulsivamente ao lembrar de tudo. Peeta entra na sala.

- O que está acontecendo Katniss?

- Nada, eu estou bem.

- Você não está bem. Porque está chorando assim? Gale fez alguma coisa com você?

- Não Peeta! Gale não fez nada. Eu só estava lembrando de algumas coisas, só isso.

- Não fique assim, você quer conversar? – Ele diz se sentando ao meu lado e me abraçando.

- Peeta eu sou uma pessoa tão ruim. Como você pode gostar tanto assim de mim?

- Katniss, eu não gosto de você, eu te amo. E você não é uma pessoa ruim, é a pessoa mais generosa que conheço, eu já te disse tudo que penso, nada de ruim que aconteceu foi sua culpa, eu sinto muito por Gale ter ido embora.

- Não é por isso que estou chorando.

- Talvez você não queira admitir isso pra mim ou até mesmo pra você, mas eu sei que vai sentir falta dele Katniss, ele era seu amigo, sei que nunca vai esquecê-lo. Não se culpe por ter sido sincera com ele. Se eu estivesse no lugar dele, eu iria preferir a mesma coisa, é muito melhor à verdade do que se iludir e eu falo por experiência própria.

Peeta me atingiu em cheio com suas palavras, eu fingi estar apaixonada por ele nos primeiros jogos para sobreviver, mesmo não sabendo o que eu realmente sentia e ele nunca vai esquecer isso. Abraço ele fortemente.

- Me perdoe Peeta.

- Katniss, já te disse que não tem o que se desculpar. Você nos salvou e isso sempre será o mais importante.

- Eu não queria causar mal a mais ninguém.

- Ser sincera não causa mal Katniss, Gale vai te entender um dia. – Ele diz me dando um beijo na testa.

- Obrigado por estar aqui comigo.

- Sempre vou estar. – Ele diz.

Vou me acalmando com o tempo, Peeta tem sempre esse efeito tranqüilizador sobre mim.

Haymitch chega um pouco depois para continuarmos o livro. Hoje decidi escrever sobre Gale, talvez fosse melhor ter esperado passar um tempo, mas preferi aproveitar a dor e as lembranças frescas em minha mente. Escrevi sobre sua importância na Revolução, como ele lutou bravamente para tentar salvar as pessoas do 12, escrevi sobre nossas caçadas, fiquei com receio por causa de Peeta, mas eu precisa fazer isso por Gale. Algumas lágrimas caiam enquanto eu escrevia, mas Peeta sempre me consolava e incrivelmente Haymitch também estava sendo um ótimo amigo.

Passamos o dia inteiro escrevendo, só paramos para comer.

Quando escureceu Haymitch foi embora, Peeta e eu subimos para nos prepararmos para dormir.

- Peeta obrigado mais um vez, desculpe pelo livro, eu precisava fazer isso.

- Não tem problema Katniss eu entendo.- Ele diz isso e então me beija, começou com um beijo terno que logo aumentou a intensidade. Como eu estava precisando disso, não queria parar mais, só somos separados pela necessidade de respirar. Peeta definitivamente é a pessoa mais perfeita que já conheci.

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