quarta-feira, 28 de maio de 2014

Capítulo 2 - Decisão



Decido ir à casa de Peeta, mas me olho e vejo o quão horrível estou, tenho que tomar um banho antes. Vou para meu quarto e entro debaixo do chuveiro, deixo a água levar todas as impurezas do meu corpo, mas querendo que ele limpe também minha alma. Saio do banho e visto uma roupa confortável, penteio meus cabelos ou o que sobrou deles depois da explosão. 

Vou em direção a porta quando penso: 


- O que eu vou dizer? Não posso apenas aparecer para ele. 


Vou dizer a ele que não quero que ele pense que o abandonei. Mas porque eu não quero isso?

Sento no sofá da sala e começo a refletir todas as vezes que ele esteve comigo, quando me acolheu em meus pesadelos, me apoiou em minhas decisões, retribuiu meus beijos encenados, me lembro novamente da praia, meu coração dispara, aquele não foi um beijo encenado, fecho os olhos e tento imaginar a sensação que senti naquele dia novamente, que eu só tinha sentido antes na caverna nos primeiros jogos: desejo.

Em meus pensamentos adormeço no sofá, acordo gritando de mais uns dos meus pesadelos, penso em Peeta e como só ela me acalmaria nessas horas. Não tenho mais o que pensar, preciso dele, vou dizer o que sinto, mas o que eu realmente sinto? Chega de perguntas.


Atravesso a porta e ando em direção a casa de Peeta. Bato na sua porta e ele abre momentos depois... Observo aqueles olhos azuis me encarando, como ele é bonito, aquele cabelo loiro tem uma simetria perfeita em seu rosto, estou sentindo um frio na barriga, um aperto no coração, e ele está disparado. O que será que estou sentindo? Medo? Ele me olha confuso, mas não com aqueles olhos perdidos que queriam me atacar antes.


- Katniss, o que foi? Aconteceu alguma coisa? – Ele pergunta.

- Nãooo... Só  Pre...ci...so conversar com você? – Acho que virei gaga, penso.


Entramos na casa e sentamos no sofá. – Você está bem? - Ele me pergunta

- Sim, e você?

- Estou bem melhor, estou seguindo o tratamento que o Dr. Aurelius me passou. O que quer falar comigo?

Eu gaguejo mais um pouco e começo a falar - As Primroses no jardim.... – ele me interrompe.

 – Não eram para aborrecê-la, Katniss, sinto muito.  - Ele me diz com uma voz triste.

- Eu só queria dizer obrigado Peeta, confesso que meu primeiro pensamento foi de mágoa, mas entendi que eram apenas uma recordação gentil que você me trouxe dela. E desculpe não ter aparecido antes.

- Não precisa agradecer, eu também sinto falta dela. E não precisa se desculpar eu entendo que você queira ficar só, sei que é difícil tudo o que você passou, peço perdão por não ter conseguido te proteger.

- Nós passamos por muita coisa, e eu também deveria ter te protegido, tudo que aconteceu com você foi minha culpa, Snow te maltratou para me ferir, eu sinto muito Peeta - eu digo a ele. Encaro aqueles olhos novamente, e vejo a lágrima em seus olhos, provavelmente pelas lembranças que acabei de trazer.

- Katniss, eu passaria por tudo de novo se fosse para seu bem, não é sua culpa.

- Como pode dizer uma coisa dessas Peeta? Eu não mereço que você passe por nada para meu bem, nunca mereci você.

- Você sabe o quanto é importante para mim Katniss. Fui até sua casa algumas vezes, mas Graese Sae disse que estava descansando, que precisava de um tempo e eu não quis incomodá-la.  Estávamos preocupados com você Katniss.

-Eu estou bem, não precisa se preocupar mais. - Digo isso tentar desviar do assunto que sou importante para ele. Antes que ele me diga algo que me constranja.


Enquanto eu não queria vê-lo, ele estava se preocupando comigo e pior passaria por tudo de novo por mim, com certeza sou uma pessoa horrível.

 – Peeta está tarde, eu vou embora. - Tento dizer antes de começar a chorar.

- O que foi Katniss? Não chore! Vai ficar tudo bem. – Ele me envolve em seus braços, como eu sentia falta disso....

- Peeta me perdoe, não queria ter feito tanto mal a você.

- Calma, não foi sua culpa Katniss, fomos todos vitimas. – Ele me diz me apertando ainda mais contra seu corpo. Sei que eu não serei a primeira a sair deste abraço.


Choro ainda mais, não consigo me controlar, como ele ainda pode ser tão bom pra mim, apesar de todo o sofrimento que lhe causei.


Ele rompe o abraço e me traz uma xícara de chá, e vou me acalmando aos poucos, ele me pergunta se estou com fome. Digo que não, que quero ir pra casa. Ele se objeta.

- Katniss não precisa ir, não quero que saia deste jeito, pode ficar aqui se quiser.

- Eu preciso ir Peeta, eu já estou melhor, obrigada. Quero descansar.

 Não queria ir, queria na verdade que estes braços fortes estivessem comigo por toda a noite, me acalmando dos pesadelos que irão me visitar com certeza. Mas é injusto abusar dele desta forma, ele sempre esteve disponível para mim, não por pena, mas por amor. E eu só estava me preocupando com minha própria dor.

- Até mais Peeta.

- Nos vemos amanhã Katniss? .


Apenas olho nos seus olhos e não o respondo, vou embora.

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